A cirurgia...

Levei algum tempo até conseguir escrever sobre esta etapa. Não é que tenha corrido mal, mas simplesmente não me apetecia escrever. Passei o tempo a recuperar e a responder aos meus amigos e familiares que me procuravam.

Então...

Dia 5 de Setembro, dei entrada no hospital das Descobertas, às 10.30h, para fazer a marcação do ganglio sentinela para que na altura da círugia estivesse marcado para a respetiva biopsía. Não custou nada... quer dizer... custou cerca de 6 horas. Foi o tempo que demorou entre injeção de um liquido para contraste e a respetiva localização. Essas 6 horas foram passadas com a maior e a maior disposição. Entre fotografias, risadas e pausas para comer, passou-se o tempo da melhor maneira com o meu companheiro de guerra. Finalmente quando saí, passei por casa para tratar dos meus animais, dar um beijo do tamanho do mundo à minha filhota e fui para o hospital do Barreiro onde seria internada.

Passei uma noite tranquila. Tinha uma companheira de quarto muito acessível e sossegadinha, o que me permitiu descansar.

Dia D... 6 de Setembro! 6 da manhã... despertar para banhinho e tomar qualquer coisa pré anestésica. Mandei mensagem ao meu companheiro, à minha mãe e à minha segunda mãe (Isabel ) e descansei mais um pouco. Acordei novamente com a minha mãe ao lado. Tinha chegado a hora! Eram cerca das 8h e levaram-me para o bloco operatório. Primeiro tinha que fazer exame cardiaco... olha quem fez! O meu amigo de adolescencia... o Comando! LOL ainda deu para rir. Ele nem queria acreditar que eu era a sua primeira paciênte do dia. O Comando foi um "camarada" da adolescencia, altura em que andavamos todos de gadelhas ao ar, botas da tropa, calças elásticas, todos de preto. É cardiologista :)

A minha mãe esteve sempre ao meu lado até ao momento em que entrei para o bloco. Porque a minha mãe é enfermeira pode estar comigo e por isso todos me trataram com um carinho especial. Sou filha de uma colega... tem valor!

O bloco é gelado, enorme, como nos filmes, com musica e tudo. Estavam todos bem dispostos, desde enfermeiros a médicos. A médica que me operou juntamente com o médico que me acompanha é uma ternura. Adorei! E olhem que não é fácil eheheh mas foi uma querida, a Dra Mammy :). Não contei de 10 para trás mas apaguei olhando para o relógio. Eram 9 horas!

Quando acordei não sabia bem onde estava mas a primeira pergunta foi: "a biopsía ao ganglio foi positiva?" estava uma médica que estava ao meu lado que não me disse que sim nem não, era a anestesista. Adormeci novamente. Acordei com a minha mãe novamente comigo. Tinha corrido tudo bem. Não perguntei nada mas senti que ela estava em baixo. É mãe! É a minha mãe!  E apaguei novamente.

Entre conversas de médicos, de mãe, de enfermeiros, percebi que a biopsía ao sentinela tinha sido positiva, pelo que foi feito o esvaziamento da axila. Tudo o que eu não queria. No recobro tive a certeza!

Acordei bem, passado um pouco bebi um chá e como estava optima, nesse mesmo dia passei para a enfermaria. Tinha dores, uma dormencia mas queria descansar.

Dia 7... acordei bem, com a minha mãe ao meu lado. Eram 8h, hora do banhinho. Lavei-me à gato, não dava de outra forma. Apesar de já saber que me tinham feito mastectomia radical, esvaziamento da axila, estava bem disposta. Tão bem que que me foi visitar nesse dia nem queria acreditar que tinha sido sujeita a uma operaçao desta dimensão. Woman power eheheh.

Dia 8... Lá estava a minha mãe às 8h, para o banhinho. Já tomei um banho decente. Só não lavei o cabelo, mas senti-me muito aliviada. Depois do almoço, a Dra Mammy foi-me ver. Eu estava bem e ... tive alta :) Feliz... ia ter com a minha filhota, ia para minha casa, o meu conforto. Saí com 2 drenos que me incomodávam mas que eram essenciais para a eliminação dos liquidos.

Nessa noite custou-me um pouco arranjar uma posição para dormir mas descansei. Estava aberta à minha nova condição de vida. Sentia um alivio que não consigo descrever. Estava sem mama, com um penso enorme, dois drenos... mas estava viva... e mais... sem o "bicho" que me estava a consumir! Não chorei! Vivi!